Do grego autó-khthon-onos, literal- mente “na nossa terra”, historicamen- te utilizado no período helénico de forma etno-nacionalista para determinar o domínio militar, económico, político e cultural que certas tribos tinham sobre os seus territórios: Esparta dos espartanos, Tróia dos troianos. Atualmente referente à qualidade de algo que teve a sua origem no local onde se encontra ou onde se manifesta. Antónimo de alóctone: do grego allos-khthon, literalmente “de outra terra”, que determina aquilo que tem origem noutro sítio; semelhante a exótica: do grego exo-tikós, que é de fora.
INDÍGENO
Do latim indu-genere, literalmente “gerar dentro”; que vive ou ocorre naturalmente ou que é relativo dos primeiros habitantes que se conheçam de uma dada região ou ambiente; especialmente aplicado a sujeitos de lugares que tenham sido colonizados por outros grupos atualmente dominantes.
INVASÃO
Do proto-germânico wade “avançar” com o proto-indo-europeu in “para dentro”; tomada ou ocupação militar de um lugar ou território, com entrada hostil ou intrusiva; intromissão; infestação, surgimento em grande número, difusão súbita e generalizada; alastramento rápido de forma difícil de controlar; propagação desimpedida.
Esta grande árvore que dá sombra aos vizinhos é uma nespereira (Eriobotrya japonica). Embora tenha chegado a Portugal pelas rotas comerciais estabelecidas com o Japão, tem origem na China. Pertence às Rosaceae, uma grande família de plantas que inclui, por exemplo, a Crataegus germanica, também conhecida como Mespilus germanica, um tipo de nespereira europeia, nativa do sudeste da europa, e geneticamente muito próxima à Crataegus monogyna, ou pilriteiro. Méspilus, Nés-pilus, Nés-pi-rus, Nés-pé-rus, Nês-pe- rus, Nês-pe-ru, Nês-pe-ra, Nêsp’ra. Daí vem o nome “nêspera” que se dá à prima do Japão. No norte de Portugal, por causa da forte influência da cultura ornamental japonesa, no século XIX, foi também apelidada de magnólio ou magnório, por ser muitas vezes utilizada em jardins como árvore ornamental, junto a magnólias asiáticas (Magnolia liliiflora), originárias do sudeste da China.
Abaixo da nespereira, há duas laranjeiras; Citrus x sinensis, que, como indica o nome, têm a sua origem numa região algures entre a China e a Índia. Durante a expansão árabe, a laranjeira foi introduzida na europa, com particular sucesso na península ibérica e, durante as expansões marítimas, seguiu para o continente americano com a colonização no século XVI. É uma planta da família das Rutaceae, que inclui a arruda (Ruta graveolens) e, como a nespereira, também é de folha persistente.
A copa densa e contínua destas árvores protege a terra do sol direto, mantendo-a sempre húmida e muito fértil. Concluiu-se que este seria um bom sítio para se fazer compostagem, pois toda a matéria orgânica decompõe-se rapidamente neste ambiente protegido. Um processo que poderia levar anos a acontecer, dura apenas uns meses e, assim, um grande número de outras plantas beneficiam desta veloz reciclagem de nutrientes. Se meses (em vez de anos) podem ser rápidos, horas (em vez de minutos) podem ser lentos. Então podemos passar horas deitados numa rede, suportada pelos troncos das laranjeiras, a aproveitar o ambiente calmo e abundante que estas árvores criam e ajudam a manter.
“Eu meti ali muitas árvores, mas depois descuidei-me, as cabras comeram tudo. Tinha para aí sessenta ou setenta, comeram tudo. Descuidei-me comeram tudo... Os anos vão passando, um gajo vai ficando mais cansado...” - M
Daqui observamos ainda um diospireiro, que é de folha caduca.
“Ai os diospiros, tenho comido alguma coisa... Também, metade é para estragar” - A
Ao contrário da laranjeira e da nespereira, que estão de alguma forma relacionados com familiares europeus, o diospiro é da família das Ebenaceae, que inclui, por exemplo, o ébano africano. Não tem nenhum familiar natural da europa, o que faz com que se sinta um tanto ou quanto desamparado.
“Eu não sei... A ventania que estava, que está! Aquilo ainda não caiu abaixo.” - A
Se fosse um Diospyros kaki, daqueles de roer, teríamos um pomar asiático perfeito, mas este é um Diospyros virginiana, ou seja, veio da Virgínia, na América do Norte, o que faz
deste pomar um verdadeiro pomar intercontinental. Por mais que se assemelhe aos estimados jardins de casas portuguesas, este pomar é especificamente não-europeu.