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Laboratório de Arte e Cidadania (LAC)

Um espaço de criação artística e participação cívica dirigido a jovens em situação de conciliação com a lei, sobretudo aqueles que revelem percursos de insucesso e abandono escolar, promovendo a ativação de competências sociais e pessoais para a inclusão e empregabilidade.

O projeto propõe o desenvolvimento de espaços criação artística e participação cívica dirigidos a jovens em situação de conciliação com a lei (cumprimento de medidas tutelares educativas e em contexto prisional), sobretudo aqueles que revelem percursos de insucesso e abandono escolar, promovendo a ativação de competências sociais e pessoais para a inclusão e empregabilidade.

O principal objetivo é certificar os jovens através da participação em oficinas artísticas (teatro, música, artes plásticas…) e de diferentes seminários temáticos, numa abordagem metodológica inovadora, desenvolvida em parceria com a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto.



Da vagarosa passagem do tempo

Exposição de artes plásticas de AF, DS, DG, FG, FF, FO, FS, JM, LS, NR, PM, PS, SR, TB, TG, TS

Entrar num Estabelecimento Prisional é confrontarmo-nos com as múltiplas possibilidades das decisões que tomamos. É destronar a Certeza do seu pedestal de dogma. É incessantemente refletir e criar atos de (sobre)vivência.

Ao longo de um ano a PELE partilhou, com 16 outros indivíduos, uma sala branca, parcialmente coberta a azulejo, uma janela singular, voltada a um pátio interno, uma porta pesada, com um pequeno vidro fosco; e duas câmaras de vigilância, meticulosamente dirigidas. Para lá, carregou papéis brancos, riscadores e tintas, barro, música, e tantos outros materiais que, no seu desejo mais poético, pudessem propor outras formas de diálogo, de expressão, de decisão e de imaginação.

Vagueamos por experiências corporais e por reflexões coletivas, inspirados por sonoridades de uma playlist on demand e pela contínua partilha das inquietações e desejos do grupo. Fomos criando uma comunidade. Bloco 1. Bloco 2. Bloco 3. Um corpo coletivo, materializado pela confluência de tantas diferenças.

Cada um norteado pelos seus ensejos, cada um diferente do outro. Ou talvez igual. Cada um a tomar o seu tempo, para que, naquelas pequenas janelas simbólicas de liberdade, pudessem imprimir as suas revoluções.

O acordar era matutino. Um breve olhar sobre uma paisagem onde a linha de horizonte se esgota na fugacidade do instante. Cada passo negociado, num trajeto que os conduzia da vagarosa passagem do tempo, para um outro lugar. Talvez um de experimentação dos limiares da desconfiança, ou talvez um ritual de libertação.

Olhamos hoje, para estes indivíduos de coragem imensa, com a distância já saudade. Olhamos as suas decisões inscritas no papel, os seus mundos reais e utópicos no barro modulado, as suas palavras depositadas em cartas, a negação da sua desumanização atiradas para os corpos articulados.

Daquele lugar de contínuo confinamento, vemos a perseverança de 16 indivíduos a rejeitar a severidade da sua rotina, e a criar um lugar de regeneração - política, cívica, individual e coletiva. 



Coordenação LAC: Maria João Mota
Facilitação Oficinas: Fernando Almeida e João Paulo Lima, Pedro Santos, Ricardinho Lopes
Mediação Socioeducativa / Técnica(o) de Ciências da Educação: Mafalda Guedes e Tiago Araújo
Mentoria: Abel Sousa, Christian Georgescu, Amin Danso
Curadoria exposição: Fernando Almeida e Ruca Bourbon
Registo Vídeo: João Miguel Ferreira
Registo Fotográfico: Paulo Pimenta
Design Gráfico: Sérgio Couto
Gravação áudio: Miguel Azevedo, Rui Pedro Martelo

Parceiros: Direcção Geral da Reinserção e Serviços Prisionais; Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto; Saber Compreender
Financiado: Programa Cidadãos Ativ@s - EEA Grants (Islândia, Liechtenstein e Noruega) gerido em Portugal pela Fundação Calouste Gulbenkian em parceria com a Fundação Bissaya Barreto;