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#Satélite

Uma micro-história que, a partir de provocações múltiplas, propõe refletir, partilhar, questionar, especular e imaginar outros fluxos e práticas possíveis.


Colapso

Em outubro de 2023 a Pele teve a oportunidade de acolher o investigador Carlos Taibo na Adega, para um simpósio de reflexão que contou com a participação de Carina Moutinho, Constanza Givone, Fernando Almeida, Francisco Babo, Inês Lapa, João Miguel Ferreira, Joana Magalhães, Juan Luís Toboso, Lucelina Rosa, Luciana Bastos, Luís Chambel, Maria João Mota, Rodrigo Malvar, Tiago Vinagre Castro e Úrsula Zangger.

Diversos e múltiplos são os fenómenos globais a partir dos quais
podemos, desde a atualidade, reconhecer uma aproximação ao
Colapso. Mas poderemos, antecipando e refletindo conjuntamente
sobre os seus ecos, gerar instrumentos de resistência e regeneração
que potenciem outros modelos de futuro próximo e vivência coletiva?



The expansion of experience - a workshop in sensorial filmmaking


Em parceria com o Teatro do Frio, organizamos uma formação orientada pelo cineasta e artista Mathew C. Wilson, que se organizou em torno do cultivo da atenção, enaltecimento e tradução da percepção e na expansão da experiência.

Esta noção da experiência expandida serviu como base e como objetivo para o trabalho desenvolvido pelos participantes, na realização de filmes/vídeos/imagem em movimento não-narrativos. Foi também explorado o paradoxo fascinante que ocorre quando afinamos a nossa experiência sensorial — diretamente e através do filme —, onde podemos experienciar momentos em que transcendemos esses mesmos sentidos que afinamos.



Receita


Ao longo do ano acompanhamo-nos, alimentamo-nos, imaginamos, experimentamos e, juntos, especulamos futuros outros.

Durante o ano de 2023, juntamo-nos ao Francisco Babo para partilhar um processo de investigação em torno das subjetividades da experiência política do território de Azevedo. 

Quisemos intencionalizar uma produção artística que nos desse tempo e espaço para digerir toda a diversidade de momentos que tecem a rotina do estar em Azevedo. Que permitisse integrar práticas outras de criação artística que contribuíssem para o desaceleramento da dependência, do individualismo e da exploração.

Olhamos hoje para a paisagem sem certezas de que lugar o céu ocupa.


Receita

Salgar a cabeça de véspera num lugar fresco e seco.
De que nos serve uma receita?
Poupa-nos tempo? Poupa-nos recursos? Evita o desperdício? Receita; produto, rendimento sobre algo.
Ganhará personalidade, imago própria?
Separar as perguntas das respostas pretendidas; reservar. Deve o fazer ser precedido do como se faz?
Deve a técnica subjugar o objectivo?
Aquecer bem a medula até ferver.
Juntar as perguntas em castelo.
Cozinhar até estarem maduras.
Servir.



Na Lacuna

Solidariedade.
Reside aí forma de compartilhar
os infortúnios,
do vento contra o vento a favor.
Suficiente.
Será quem é capaz
de não ter habilidade, na bonança remar.
Viva.
Quem aqui lê. Tu.


Póros


Uma cidade plural é um lugar que acolhe os fluxos, as trocas e os contatos entre múltiplas comunidades. É um espaço regenerativo que convoca humanos e mais que humanos para um debate em torno de caminhos, de transgressão e imaginação, com vista à (re)definição de outras ontologias e cartografias possíveis. O pensamento mais do que humano ajuda a reformular como a cidade pode ser concebida, além da atual perspetiva centrada no homem, para que esta possa ser projetada, governada e vivida como um lugar biodiverso e ecocêntrico.


Esta intervenção, enquanto parte de uma ação mais ampla, explora a convergência entre ação política e ecologia, e o seu potencial de reposicionar uma reflexão profunda sobre padrões alternativos de ser, fazer e viver em vizinhança.


Achar


O encontro é a primeira forma de relação.
Amor, política, território, migração, espetáculo, história, acaso.
Um lugar é uma ilha...

Uma criação de João Miguel Ferreira e Inês Luzio, desenvolvida em formato de residência artística.


Satélites


A Pele em colaboração com o Coletivo Suspeito e a Artworks, criou 3 módulos nómadas - Oficina, Cozinha, Apresentação - capazes de ocupar e ser ativados em múltiplos centros. 

“Corpus: um corpo é uma coleção de peças, de pedaços, de membros, de zonas, de estados, de funções. Cabeças, mãos e cartilagens, queimaduras, suavidades, emissões, sono, digestão, horripilação, excitação, respirar, digerir, reproduzir-se, recuperar-se, saliva, coriza, torções, cãibras e grains de beauté. É uma coleção de coleções, corpus corporum, cuja unidade resta uma questão para si própria. Mesmo a título de corpo sem órgãos, ele tem uma centena de órgãos, cada um dos quais puxa de um lado e desorganiza o todo que nunca mais chega a se totalizar.”

Jean Luc Nancy

Partindo do conceito de corpo enquanto coleção de peças, objetivamos criar três estruturas nómadas, porosas e multifuncionais. Um corpo coletivo capaz de se manifestar enquanto trilogia, mas também através da autonomia das suas partes. 
Cada uma assume funções distintas, atuando como prolongamento do espaço publico, acolhendo e propondo propostas distintas de escuta, criação e programação artística. Um corpo coleção, e coletor de experiências.



Expedição


Em colaboração com as crianças do Projeto Cercar-te a Pele orientou um oficina de ativação da estrutura Cozinha onde, através de jogos de desaprendizagem e performativos, se iniciou uma expedição de recolha de produtos alimentares no Parque Oriental da cidade e sua posterior confeção.

substantivo feminino/ do latim expeditio.onis
Viagem marítima ou terrestre a determinada região com um fim político, científico, etc.





Retratos de Azevedo


Residência Artística de mapeamento etnográfico com João Paulo Lima onde o desenho se assumiu como um instrumento mediador e de troca entre os moradores de Azevedo e a equipa artística do projeto.


(...) trocar com reciprocidade e acolher o interesse e o desinteresse, o vínculo espontâneo e não a obrigação, o gratuito e não o pago, os consensos e os conflitos, o risco, a incerteza, o imprevisível... Os intercâmbios aqui tornam-se campos férteis para partilhas horizontais, para relações “ganha-ganha”, para a criação de lugares comuns, para a ativação de outras formas de ser e estar em coletividade.
Portanto, o sentido da troca privilegiada no programa azevedo situa-se em uma dimensão simbólica/cultural e tem como elementos chave o respeito, a reciprocidade e a construção permanente da confiança nas interações. Nesta trama de relações e intercâmbios, ao mesmo tempo em que a transparência é o suporte, a palavra e as atitudes fazem parte do “contrato” fundamental entre todos os atores envolvidos.

Lucelina Rosa

Retratos de Azevedo surgiu como uma estratégia de aproximação aos moradores de Azevedo para a sua participação no projeto azevedo. Sendo esta uma comunidade fortemente marcada pela acumulação e concentração de problemas de exclusão e desinserção social, esta atividade propôs uma abordagem empática que privilegiou o “ato de trocar” como uma experiência de diálogo.  Neste contexto, o encontro, a escuta, o cuidar, a temporalidade e o compromisso, assumiram-se como elementos indissociáveis do reconhecimento social e comunitário. Assim, dirigiu-se o convite a comerciantes locais para atuarem como embaixadores do projeto, retratando-os e usando estes desenhos para as primeiras peças de comunicação. Numa segunda fase, deambulações pelo espaço público potenciaram o cruzamento com moradores, e o ato de os retratar levou-nos para conversas em torno dos hábitos alimentares, modos e espaços de produção, necessidades, oportunidades e realidades do território e das comunidades residentes. Cada retratado poderia sintetizar a sua informação numa folha de papel e posteriormente trocá-la pelo desenho. Um “ato de trocar” como possível preâmbulo...